7 de maio de 2013

Carne crua não deve ser consumida antes dos dois anos


Base de pratos típicos de diversas culturas, a carne crua está deixando de ser considerada um artigo exótico em nosso País. Apesar de alguns ainda torcerem o nariz, seja no quibe cru ou no sushi, ela já tem presença garantida no cardápio dos brasileiros. Logo, muitos pais se perguntam: qual é o momento certo para oferecer para os pequenos?
Foto: Shutterstock
Não há resposta exata. Entretanto, é consenso entre os especialistas que antes dos dois anos a carne crua não pode fazer parte do cardápio infantil. Segundo a nutricionista, pesquisadora e mestre em ciência e tecnologia de alimentos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Cláudia Coelho, antes desta idade, o bebê ainda não tem os sistemas imunológico e enzimático plenamente formados. Assim, não tem defesas suficientes para combater infecções que podem ser provocadas pela ingestão de alimentos contaminados, nem enzimas para digerir adequadamente comidas deste tipo.
A partir dos dois anos, a criança já está com o organismo melhor preparado, podendo compartilhar das mesmas refeições servidas ao restante da família. Assim, caso o consumo de carne crua seja um costume familiar, é mais provável que os pequenos experimentem a iguaria logo cedo. No entanto, Cláudia considera prudente esperar até 12 anos aproximadamente. Segundo ela, além do amadurecimento do organismo, por volta desta idade a massa corporal da criança já permite que ela seja tratada com medicamentos para adultos, o que facilita o tratamento de infecções e intoxicações alimentares. Ao fazer esta recomendação, a nutricionista usa também a experiência de mãe: “Adoro sushi e quibe cru, mesmo assim, minha filha mais velha, Maria Eduarda, hoje com 14 anos, esperou até os 13 para provar estes pratos”, conta Cláudia.
Riscos
Para o nutricionista, especialista em saúde, nutrição e alimentação infantil e professor da Universidade Federal de São Paulo, Jonas Augusto Cardoso da Silveira, os principais riscos da ingestão de carne crua estão relacionados aos possíveis contaminantes presentes nela. “O consumo de alimentos nesta condição poderá provocar enterites, toxoplasmose, teníase, triquinose, criptosporidíase, entre outras doenças”, afirma Jonas. As complicações geradas pela contaminação vão desde diarreia, náusea, vômito e febre até danos mais graves, com comprometimentos musculares e neurológicos.
Segundo os especialistas, a avaliação da carne para determinar se está apta para consumo precisa considerar se a carne tem aspecto saudável de coloração e odor, sendo que ambos os fatores devem estar presentes. Também deve-se verificar a firmeza das fibras musculares da carne, além de checar se não apresenta exsudatos ou ranços. No caso de peixes, é importante verificar se os olhos estão salientes, transparentes e brilhantes, e as escamas translúcidas, unidas entre si e aderidas à pele. Cláudia adverte que, se a cor da carne do peixe estiver muito forte, convém desconfiar, pois alguns comerciantes adicionam corantes para deixar os produtos com aspecto de frescos. Para a nutricionista, todo o cuidado é pouco, pois a contaminação microbiana pode não alterar a aparência do alimento, e as bactérias demoram algumas horas para iniciar a deterioração da carne.
As recomendações dos especialistas também se aplicam à carne mal passada, visto que é necessário um certo período de tempo de exposição ao calor para que bactérias sejam destruídas. Cláudia ressalta ainda que, mesmo que a parte externa do churrasco esteja bem passada, se o cozimento não for uniforme, ainda há risco de contaminação.
fonte: mulher/terra

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