4 de março de 2013

Pesquisas revelam que os pais têm predileção por um dos filhos


Muitas vezes, o que gera a predileção não é a semelhança, mas o oposto
Foto: Getty Images

"Você gosta mais do meu irmão do que de mim!" Quem nasceu numa família grande certamente já disse - ou ouviu - essa frase. Se existem várias crianças em casa, vira e mexe o assunto delicado vem à tona.
Pai e mãe, para evitar conflitos, insistem em repetir: "A gente ama os filhos igualmente". Mas será possível gostar da mesma maneira de crianças tão diferentes umas das outras? "Cada filho é concebido num momento específico da vida do casal", diz a psiquiatra Vera Zimmermann. Essa diversidade de situações, de acordo com a especialista, faz com que cada rebento ocupe um lugar também diferenciado, pois ele representa a fase vivenciada. Um exemplo? A notícia da gravidez durante uma crise no casamento vai gerar projeções específicas na criança, enquanto a concepção num período de harmonia do casal criará outra atmosfera. "Isso não significa que uma será melhor que a outra, mas apenas diferente", defende Vera.
Moral da história: não se culpe por "gostar mais" de determinado filho nem fique triste se o seu irmão é o queridinho da sua mãe. Para alívio de muitos pais e filhos, pesquisas têm mostrado que é natural existir um favorito na prole.
O que diz a ciência
Na Universidade da Califórnia (EUA), estudiosos observaram, por três anos, as relações de 384 pares de irmãos e os pais deles. Constatou-se que 65% das mães e 70% dos pais pendiam para um dos filhos. Para a psicóloga americana Judith Rich Harris, estudiosa do tema e autora de Não Há Dois Iguais (Ed. Globo), a razão do favoritismo está relacionada a semelhanças e afinidades. "Uma criança pode ser mais atraente do que outra por se parecer fisicamente com o pai ou com a mãe ou pelo comportamento", afirma. É o caso da caçula que é "a cara do pai" ou da mais velha que puxou "o temperamento da mamãe". "Um filho acorda bem-humorado de manhã, outro tem mais energia à noite; uma filha gosta de acompanhar os pais em reuniões de família, outra adora compras. Essas variações de perfil explicam a maior empatia entre um dos pais e uma das crianças, o que os leva a fazer mais programas juntos", diz a psicopedagoga Lia Rosenberg (SP). No entanto, as características físicas e psíquicas também podem gerar reações negativas - caso do filho parecido com um avô que não é lá muito simpático. No entanto, isso não significa que os pais não vão amar aquela criança. "Todos são amados, mas a relação é diferente com cada um. Se essa ideia for transmitida com tranquilidade, os filhos não se sentirão rejeitados", sublinha a psiquiatra Vera.
Os opostos se atraem
Muitas vezes, o que gera a predileção não é a semelhança, mas o oposto - os pais admiram na criança a característica que não possuem, mas adorariam ter. O curioso é que desde pequenos os filhos percebem que os pais estabelecem vínculos diferentes entre eles. E isso nem sempre incomoda, como defende a pesquisadora Laurie Kramer, da Universidade de Illinois (EUA). Ela descobriu que essa percepção só vira um problema quando não existe razão aparente para a preferência.
A ordem de nascimento dos filhos também conta. A pesquisadora Catherine Salmon* revela que os pais dão menos atenção à criança do meio. "A cena só muda quando ela é do sexo oposto aos demais", diz. A psicóloga Débora Ganc (SP) concorda com os papéis diferenciados. "O primogênito dá mais e o caçula recebe mais. Por isso, às vezes o mais velho é recompensado com privilégios e o mais novo assume responsabilidades para com a velhice dos pais", acredita.
X da questão
Os pais podem preferir um filho a outro por questões de afinidade, porque acham nele características que gostariam de ter ou ainda pelo momento do casal quando a criança foi concebida. No entanto, isso não significa falta de amor pelos filhos que não são os prediletos.
fonte: mdemulher

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